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O que é RPG? Um guia para iniciantes no jogo

O RPG é um formato de jogo voltado para a interpretação de papéis e pode te levar a mundos completamente novos. Se você gosta de jogos, confira mais sobre os jogos de RPG!

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Yolanda Moretto

20 de jun de 2019

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    Jogos e brincadeiras colaborativos, envolvidos em história de faz de conta, sempre fizeram parte do mundo das crianças. Mas isso não significa que esse tipo de entretenimento precise ser deixado no passado. Assim como muitos adultos continuam mantendo suas paixões por jogos de videogame ou jogos de tabuleiro, também os jogos de RPG se mantém conquistando jogadores e amantes.

    Os role-playing games (RPGs) já são conhecidos por muitos, mas para os iniciantes, esse grande universo pode parecer um pouco confuso e denso demais para ser explorado. Como amamos RPG aqui no Promobit (temos até nosso grupo quinzenal!), decidimos contar um pouco da história e do funcionamento dessa atividade e convidar todos para curtir esse ótimo gênero de jogo.

    Um recado pessoal

    Eu jogo RPG há muitos anos. Comprei meu primeiro livro (Lobisomem: O Apocalipse 3 edição) quando tinha apenas uns 13 anos e desde então nunca mais consegui deixar de jogar, seja como jogadora ou como narradora. Já mestrei em eventos por diversão, já ajudei em play-tests, experimentei diversos sistemas diferentes, acompanho podcasts, participo de grupos de discussão e estou longe, longe de ser uma especialista na área.

    Por isso, antes de começar, queria explicar que este guia não pretende ser um manual completo de tudo e todos os RPGs. Ao contrário, gostaria que vocês recebessem este texto como um convite para entrar neste universo que traz tanta diversão para mim e para diversos outros jogadores pelo mundo todo.

    O que é RPG?

    Imagem exemplificando o trecho de texto anterior
    Cena do seriado Stranger Things / Netflix

    De forma bastante direta, podemos definir RPG como jogos de interpretação de papéis. Papéis esses que representam personagens fictícios, controlados pelos jogadores, interagindo em um universo próprio, que pode ser totalmente ficcional ou não. Aventuras medievais, viagens no espaço, cachorros lutando contra monstros, tudo vale para quem quer jogar RPG.

    O importante é que cada jogador, representado por um personagem, ajude a construir uma narrativa baseada em decisões próprias, desafios e interpretação.

    Para expor uma definição mais clássica, vamos ver o que um dos sistemas mais famosos do mundo, o Dungeons & Dragons, define como sendo um RPG:

    “O RPG de Dungeons & Dragons é sobre narrativas em um mundo de espadas e feitiçaria. Ele divide elementos com os jogos infantis de faz de conta (…). Mas ao contrário desses jogos, o D&D estrutura suas histórias, determinando as consequências das ações dos personagens. Os jogadores rolam dados para decidir se seus ataques acertaram ou erraram ou para saber se o personagem conseguiu escalar um penhasco, desviar de um raio mágico ou escapar de outros perigos” (trecho da quinta edição do Guia do Jogador)

    Vale lembrar também (essa é uma dúvida que eu vejo em muitos iniciantes) é que RPG é um estilo de jogo e não um único jogo. Por exemplo, você tem jogos de tabuleiros e entre eles pode ter War, Zombicide e Dixit. Da mesma forma, dentro do gênero de RPG, você pode encontrar diferentes títulos, como D&D, Tormenta, GURPS e Fate, cada um com seu estilo e regras próprias (mas depois falaremos mais de regras).

    Apesar de cada sistema (ou título de jogo) ter suas próprias regras e instruções, a maioria dos RPGs têm em comum o fato de que entre os jogadores existir um jogador que é o “mestre” ou “narrador” da história. Enquanto os outros jogadores criam um personagem próprio e ficam responsáveis pelas ações dele, o Narrador fica responsável por dar vida a todo o cenário, controlando todos os outros personagens do jogo e cuidando de dar andamento à história, além de mediar os conflitos do jogo.

    A origem do RPG de mesa

    Aqui a história se mistura um pouco com a “lenda”, mas o que se sabe é que os jogos de interpretação de mesa têm como base os jogos de wargames, que utilizam miniaturas para representar estratégias de batalha, muito comuns principalmente na Europa. Lá nos anos 1970 um grupo de jogadores de wargames decidiu inovar um pouquinho e trazer interpretação para um jogo que, futuramente, deu origem a outros RPGs. Isso mesmo, estamos falando do D&D.

    O começo com Dungeons & Dragons

    Com seu início oficial em 1974, a primeira edição de D&D foi desenvolvida por Gary Gygax e Dave Arneson e publicada nos Estados Unidos pela Tactical Studies Rules, Inc., uma empresa fundada em 1973 com o único propósito de publicar o jogo. Os livros acabaram fazendo grande sucesso e, aos poucos, outros grupos foram criando seus próprios sistemas de regras e cenários diferentes para oferecer ao público.

    O D&D, em sua primeira edição, foi lançado separado em três livros diferentes, um com regras para o jogador, outro com uma lista de monstros que podem ser enfrentados nas aventuras e, o último, com dicas sobre como criar aventuras de RPG para jogar com os amigos, voltado para o jogador com papel de Narrador. Até hoje as edições de D&D são publicadas nesse formato e se passam em um cenário medieval fantástico.

    Ao contrário das edições posteriores, que acabariam trazendo para os fãs um grande números de possíveis raças e classes para serem escolhidas, a primeira edição, que ficou conhecida como Original Dungeons & Dragons (OD&D), trazia apenas três opções de classe (mago, guerreiro e clérigo) e quatro raças (humano, anão, elfo e halfling).

    Imagem exemplificando o trecho de texto anterior

    Outros jogos de RPG

    Após o sucesso de Dungeons & Dragons, diversos outros títulos de role-playing games começaram a surgir ao longo dos anos 1970 e 1980, lançados por diversos grupos e empresas, alguns inclusive feitos por fãs, que queriam criar seus próprios universos de aventura. O mercado foi crescendo e, é claro, não parou por aí.

    Até hoje o mercado continua apresentando diversos lançamentos e atualizações para os fãs. O próprio D&D já está em sua quinta edição, com regras que foram sendo revistas, adaptadas e testadas aos longo de todos esses anos. Outros países entraram no mercado, incluindo o Brasil, como o Tormenta RPG.

    Como funciona o RPG?

    Diferente de alguns jogos de videogame e tabuleiro, o RPG costuma ser um jogo intrinsecamente colaborativo e social, muito mais do que competitivo (apesar de existirem alguns títulos mais competitivos). Normalmente, todos os jogadores se aventuram como um único grupo, com interesses em comum, e que buscam resolver os desafios do jogo em conjunto, raramente tendo vencedores e perdedores (a menos que você considere aquele mago do mal controlado pelo Mestre como um perdedor depois que ele for derrotado pelo grupo de heróis).

    O fato de os jogadores poderem construir juntos uma história é uma das coisas que mais agrada e chama atenção nesse tipo de jogo. As escolhas dependem de você. Aquele garoto que roubou uma loja, você vai capturá-lo e entregá-lo para a polícia ou ajudar ele a ganhar dinheiro por meios legais para pagar a cirurgia da mãe? Ou uma terceira opção completamente pensada por você e seu grupo? Você quem manda!

    E é aí que entram as regras de cada sistema, que são tão importantes para definir se seus heróis conseguirão completar os desafios ou não. Assim como diferentes jogos de tabuleiro, cada jogo de RPG traz regras próprias. O ponto em comum é que, ao criar seu personagem, você irá decidir no que ele é bom (ele pode ser um guerreiro especializado em força bruta, ou um bombeiro bastante ágil, ou um alienígena mercador ótimo em levar as pessoas na lábia) e colocar um número de pontos para isso (a quantidade vai variar para cada sistema). Ao ser desafiado, seu personagem utilizará esse número como base em uma rolagem de dados, definida pelas regras, e o resultado dirá se ele conseguiu quebrar aquela porta, salvar o gatinho do prédio em chamas rápido o suficiente ou vender aquele motor quebrado por um valor muito maior do que ele realmente vale.

    São nessas rolagens de regras que a figura do Narrador é muito importante, como mediador do que está acontecendo em cena. Digamos que o ladrão esteja tentando abrir a porta trancada que leva para a sala do tesouro. A rolagem pode dizer que ele conseguiu, mas será responsabilidade do Narrador dizer o que exatamente está dentro daquela sala, que tipo de tesouro e em qual quantidade. Mas se a rolagem disser que o ladrão não conseguiu, é o Narrador que dirá as consequências. Será que nesse meio tempo alguém viu o ladrão onde ele não devia estar, ou será que ele acionou um alarme sem querer?

    Ao longo do jogo, os jogadores e Narrador vão construindo cena por cena, montando uma história relevante para o grupo, que pode durar uma única tarde ou até mesmo jogos que se prolongam por anos.

    Ficha de personagem de RPG

    A ficha de personagem é uma folha (ou mais, em alguns sistemas) em que o jogador anota as principais habilidades e características de seu personagem. Não vou entrar em detalhes sobre isso, pois a variação é imensa. Mas seguindo as regras do sistema que você escolher jogar, você vai definir se seu personagem é mais forte ou mais ágil, mais inteligente ou mais bruto, se sabe pilotar barcos ou se prefere usar armas de fogo.

    O D&D, por exemplo, divide as características dos personagem em atributos (força, destreza, constituição, inteligência, sabedoria e carisma) e habilidades, uma lista de coisas que o personagem aprendeu a fazer ao longo da vida.

    Dados usados no RPG

    Em geral, os jogos de tabuleiro utilizam o clássico dado de seis faces para fazer o jogo andar, mas isso não se aplica ao RPG em geral. Cada sistema usa alguns dados específicos e ai você passa a conhecer dados que você sequer imaginou que existissem, como os de quatro faces, doze faces, vinte faces, trinta faces e até um dado monstro de cem faces.

    Para simplificar, os textos de RPG costumam usar a abreviação “d” para significar dado. Por exemplo, um dado de seis faces seria “1d6”, enquanto dois dados de dez faces seriam resumidos como “2d10”.

    RPG offline ou online?

    O RPG surgiu como um tipo de jogo de mesa, presencial entre diversas pessoas. Mas nem sempre é possível juntar os seus amigos (ou outras pessoas interessadas em jogar) em um mesmo lugar, pelos mais diversos motivos. Felizmente, a tecnologia está aqui para ajudar nesse caso.

    Existem diversos sites especializados em partidas online de RPG. Esses sites, como o Roll 20 e o RRPG Firecast, oferecem ferramentas para facilitar a vida dos jogadores, como modelos de ficha online, roladores de dados digitais e até mapas e miniaturas para ajudar a visualizar os combates.

    E, em todo caso, um bom Skype ou Hangout sempre pode quebrar um galho também!

    Jogos de RPG mais conhecidos

    Imagem exemplificando o trecho de texto anterior

    Apesar de D&D, em suas mais variadas edições, ser talvez o título de RPG mais conhecido, existem inúmeros outros sistemas de regras e cenários variados. Longe de trazer uma lista completa, separei alguns títulos que ficaram bem conhecidos no Brasil. Mas se você pesquisar em sites mais especializados, como o DriveThruRPG, vai perceber que existem centenas de milhares de opções.

    Dungeons & Dragons 5ª edição

    A mais nova edição de D&D foi lançada em 2013, mas até hoje recebe lançamentos expandindo o universo originalmente criado nos anos 1970. Além dos três livros básicos (para Jogador, Mestre e Monstros), foram lançados livros com campanhas prontas, expansões de cenários, mais opções de monstros etc.

    Tormenta RPG

    Este RPG brasileiro lançado em 1999 também se passa em um cenário medieval fantástico, feito para poder ser utilizado com diferentes sistemas de regras. Seus criadores foram Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e JM Trevisan.

    O cenário de Tormenta fez bastante sucesso no país e, aos poucos, foi expandido para livros, quadrinhos, livro-jogos (aqueles que dizem “para fazer tal coisa, vá para a p. 50”) e até mesmo um jogo de videogame lançado em 2013.

    Game of Thrones RPG

    Para mostrar que qualquer cenário, mesmo de filmes, livros ou seriados, podem virar uma possibilidade de jogo de RPG, trazemos aqui o RPG de Game of Thrones. O sistema permite que os jogadores atuem dentro de Westeros, antes, durante ou depois dos eventos do seriado.

    Você pode ser um nobre das principais casas de Westeros, como Targeryen ou Stark, ou ser um bastardo,  um bárbaro ou um servo, tudo vai da sua imaginação.

    O jogo se chama Guerra dos Tronos RPG e foi publicado no Brasil pela Jambo Editora.

    O Um Anel

    Esse é outro título baseado em um cenário extremamente famoso e que fez sucesso aqui no Brasil. Os fãs do universo de Tolkien podem explorar a Terra-Média em diversas épocas, como hobbits, humanos, anões ou elfos, seguindo aventuras prontas ou inventando suas próprias histórias.

    Vampiro: A Máscara

    Vampiro: A Máscara, publicado em 1991, faz parte de um cenário de RPG criado pela White Wolf de sobrenatural contemporâneo, em que os jogadores assumem o papel de vampiros tentando sobreviver em um mundo regido pelo sombrio e desconhecido.

    Esse cenário, World of Darkness (Mundo das Trevas), contou com a publicação de inúmeros livros, dando protagonismo não apenas para vampiros, mas também para lobisomens, magos, múmias e caçadores de monstros.


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